terça-feira, 17 de maio de 2011

Controladores reafirmam que tentatam contato com pilotos do Legacy


Tragédia em 2006 terminou com a morte de 154 pessoas, todas passageiras do avião da Gol

Helson França, iG Mato Grosso | 30/03/2011 19:27
Leia também:Os controladores de voo que acompanhavam o tráfego aéreo na ocasião do acidente do jato Legacy com o avião da empresa Gol, em setembro de 2006, negaram nesta terça-feira, em depoimento, as acusações de que teriam sido negligentes ou colocado em risco a segurança da aviação. A tragédia terminou com a morte de 154 pessoas, todas passageiras do avião da Gol. Os controladores Jomarcelo Fernandes dos Santos e Lucivando Tirbúrcio eram os responsáveis por monitorar o jato Legacy, na data em que ocorreu a colisão entre as aeronaves. O primeiro a prestar depoimento - que aconteceu na Justiça Federal de Brasília – foi o controlador Tibúrcio. Ele se defendeu das acusações dos pilotos, de que não teria atendido aos chamados da aeronave, dizendo que tentou, por várias vezes, entrar em contato com Joseph e Paladino, mas não obteve resposta. Eles trabalhavam na torre de controle de voo do Cindacta I, de Brasília, e monitoravam o jato Legacy, que era pilotado pelos norte-americanos Jan Paulo Paladino e Joseph Lepore. 
Jomarcelo também transferiu para os pilotos a responsabilidade pelo acidente. Ele sustentou o que Tibúrcio afirmou - que o aparelho do Legacy que faz a comunicação da aeronave com os controladores de vôo estava desligado. Segundo Jomarcelo, devido a essa falha o sistema acusou, automaticamente, que o jato Legacy voava numa altitude de 37 mil pés, quando na verdade, estava a 36 mil pés – o mesmo do avião da Gol. 
Em outubro do ano passado, a justiça Militar condenou Jomarcelo, que é sargento, a 14 anos de prisão por homicídio culposo (sem intenção), devido a morte dos 154 passageiros do boeing da Gol. Ele cumpre a pena em liberdade. Tibúrcio e outros quatro controladores - João Batista da Silva, Felipe Santos Reis e Leandro José Santos de Barros - foram absolvidos. 
O advogado Roberto Sobral, responsável pela defesa de Tibúrcio e Jomarcelo, ressaltou que a responsabilidade maior é da Aeronáutica brasileira. “Eles (os controladores) não têm domínio da língua inglesa. Mesmo que tivessem conseguido estabelecer contato com os pilotos, a comunicação estaria comprometida. O Comando da Aeronáutica não cobra proeficiência em língua inglesa para quem quer ser controlador – apenas uma minoria sabe falar inglês”, contou o advogado. 
Ele também lembrou que Tibúrcio disse ao juiz federal Murilo Mendes - que é de Sinop (MT) - que pelos radares do Cindacta I, não havia como visualizar o espaço aéreo onde o jato Legacy estava no momento do acidente. A visualização seria possível pelos controladores de voo de Manaus - que não a fizeram. A falha, ressaltou o advogado, era de conhecimento da Aeronáutica. 
A assessoria de comunicação da Aeronáutica rebateu a afirmação do advogado e disse que o sistema de cobertura já foi objeto de investigação, dentro do próprio processo, tendo ficado comprovado que os todos radares estavam funcionando normalmente.
O acidente ocorreu no dia 29 de setembro de 2006, no espaço aéreo de Mato Grosso. Os destroços do avião da Gol foram encontrados um dia após a tragédia, numa área de floresta amazônica na Serra do Cachimbo, localizada no norte do Estado. Após a colisão, Paladino e Lepore conseguiram pousar o jato numa base aérea mato-grossense.

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