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O Brasil, um dos países com maior riqueza em embarcaçõe tradicionais do mundo, pouco conhece sobre a história, as tradições e a diversidade deste universo. Com uma extensa costa litorânea, foi colonizado e explorado com base na atividade náutica tradicional, cujas embarcações construídas com técnicas européias, africanas e orientais trazidas pelos colonizadores e integradas às técnicas indígenas resultaram em diversos modelos adaptados às condições de navegabilidade locais, com soluções originais que vêm sendo passadas através de gerações de mestres-carpinteiros navais. Uma significativa parcela da população costeira e ribeirinha ainda utiliza a embarcação tradicional no seu dia-a-dia, preservando conhecimentos e tradições como a arte da navegação e construção artesanal. O primeiro olhar sobre o tema foi lançado pelo almirante Alves Câmara no final do século XIX, com o ensaio "Embarcações Indígenas do Brasil", editado em 1888. No século passado alguns estudiosos, como Câmara Cascudo, entre outros, produziram importantes trabalhos, mas não foi possível evitar o desaparecimento de dezenas de modelos, consequência de fatores econômicos e de uma política nacional de transportes que privilegiou os meios rodoviários. A rápida substituição por meios mais rápidos, como os barcos a motor, de fibra ou alumínio, está condenando este patrimônio ao desaparecimento. O fim de um modelo ou a morte de um mestre significam perdas irreversíveis de tecnologias desenvolvidas ao longo de séculos. Desaparecem também sabedorias e segredos de um "saber" navegar com origens que remontam à formação do país. Em 1986, o Engº Luiz Phelipe Andrés iniciou um projeto de pesquisa denominado "Embarcações do Maranhão", com o financiamento da FINEP, e realizou uma extensa e minuciosa pesquisa. No período de dois anos, uma equipe multidisciplinar percorreu todo o território daquele estado, inventariando os modelos do litoral maranhense, rios e lagos navegáveis. A equipe de pesquisa identificou e traçou o perfil sociológico de dezenas de mestres carpinteiros navais, métodos, matérias-primas e ferramentas. Em 1996, o projeto conquistou o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade na categoria de "Inventários de Acervos e Pesquisas". Este prêmio impulsionou a edição do livro "Embarcações do Maranhão", editado em 1998, e a criação do Estaleiro-Escola do Sítio Tamancão em São Luís, em 1999. O Projeto Embarcações do Brasil - Expedição Almirante Alves Câmara é um desdobramento desta iniciativa pioneira e pretende contribuir para o enriquecimento da memória náutica tradicional brasileira. |
O modelo mais tradicional é a canoa costeira, utilizada para o transporte de peixe e outras mercadorias, entre o litoral oeste do estado e a capital, São Luís.
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O bote proa de risco é outro modelo também utilizado para o transporte de peixe e mercadorias. Ocorre com predominância no litoral oeste do estado.
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A biana, de origem cearense, é utilizada na pesca artesanal, a partir da ilha de São Luís em direção ao litoral leste.
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O igarité é um dos modelos mais genuínos do Maranhão.Não apresenta quilha e seu aparelho vélico é do tipo "espicha", sem retranca.
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O Iate é a maior embarcação construída no Maranhão. Usado no transporte de cargas e passageiros, tem 2 mastros e utiliza velas latinas quadrangulares e uma bujarrona amarrada no gurupés.
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